sexta-feira, 30 de março de 2012

Geração UOL



Em uma noite de "insônia", conversando com um amigo "virtual" me veio essa de Geração Uol

Esse meu amigo, Carlos Augusto é de Curitiba e nunca o vi pessoalmente. Nos conhecemos no bate papo da uol, sala de Espiritismo em 2004 (não tenho certeza quanto ao ano, só sei que essa pessoinha se faz presente em minha vida a uns oito anos).

Conheci muito gente nessas salas de bate papo, alguns se tornaram contato de Icq (sim, faz tempo) e depois Msn... mas grande parte se perdeu no decorrer dos anos. O Guto ficou.

Para quem me conhece sabe que tenho uma vida meio cigana e me mudei algumas vezes nesses 24 anos de existência. Casa, cidade, estado...(país foi quase, mas essa é outra história). O Carlos Augusto, amigo virtual, acompanhou boa parte dessa andança. E consequêntemente compartilhamos algumas fases de nossas vidas.

Aos 15, 16 anos ninguém bebia, balada não tinhamos idade. O programa de sábado a noite era conhecer pessoas novas nas salas de bate-papo, atualizar os novos amigos (virtuais, é claro) dos acontecimentos semanais e no meu caso, descobrir as novas ferramentas dos blogs.

"Conhecer" o Carlos Augusto, foi ganhar na loteria do bate-papo. Religião foi a ponta do novelo de afinidades, dois jovens em estados (PR / SP) diferentes que queriam mais que flertes nas salas: "entre idade" ou "variados".

Não que nunca entrei em uma dessas salas, mas depois de meia duzia de:

Qual seu nome, tc de onde?, qual sua idade, como vc é, o que vc curte

Perdia a paciência e voltava aos exercícos de aprendiz de blogueira e aos amigos virtuais, cujo papo fugia do superficial.

Amigos esses que você "conhecia", sem nem ao menos ver fotos (máquina digital é um recem-nascido tecnológico, certo?), a única forma de se guiar era intuição.
Não tinhamos perfil em rede social para saber se fulano era de fato loiro, moreno, casado, solteiro, católico ou ateu.

No caso Guto, o feeling foi afinadíssimo. Lembro que foi ele que me apresentou o orkut, assim como me ajudou a entender de política, me fazia companhia nos sábados a noite na fase de adaptação na cidade nova... sem dizer que ele acompanhou a história do primeiro beijo, namorado, paixão platônica, emprego e afins.

Hoje não temos mais 15, 16 anos, ele não me escreve mais cartas e não temos mais a periodicidade dos sábados a noite.

Mas na insônia compartilhada em uma noite dessas, conversando sobre amenidades ( me conte meu amigo, como anda a vida?) percebemos que as problemáticas da vida cotidiana não mudaram muito.

Será fruto dessa Geração Uol?

Adolescentes acostumados com relações superficiais, cuja imagem foi construida através do que se acredita ser, encoberto pela segurança do anonimato.

Hoje somos nós, jovens frequentadores de baladas, bares, teatros. Consumidores de álcool (desse eu me abstenho) e tudo que é anunciado na televisão e internet.

Jovens apegados aos valores construidos na época do Icq, que não se permitem a cumprimentar estranhos no metrô, sorrir para o velhinho simpático na fila da padaria ou simplesmente ser gentil com qualquer desconhecido.

Se não for em âmbito social, onde as pessoas vão para conhecer pessoas... Flertar (não gosto da palavra paquera), fazer charme, dizer onde mora e qual seu signo? Só depois de checar orkut, facebook, twitter, msn, skype, toda e qualquer outra rede social.

Faz uma verdadeira varredura de perfil da pessoa para ver se é ou não confiável. Meses de conversa online para saber se as informações são compatíveis e se o ser analisado passou pelo período de experiência, se sim...
Você passa o número do celular.

Eu usei o Guto como exemplo o texto todo, porque somos dois derivados do bate papo uol - sala de espiritismo (não duvido, que eramos de fato apenas dois). Toda essa geração acompanhou o ritmo das "salas": variedades / tema livre / entre idades / sexo... e nós (Carlos Augusto e Lilian Tormin) ao incomum.
Teimamos em nos apegar aos valores mais difícieis e apostar sempre nos mesmos números.

Mesmo que em cenários diferentes, o que antes envolvia escola e conflitos domésticos, hoje é muito mais amplo. Essa brincadeira de vida adulta, é muito mais bonita nas novelas... Trabalho, faculdade, família, vida social, dinheiro.

As proporções mudaram, mas as questões são praticamente as mesmas.

As impressões daquela época refletem ainda hoje e são como o "Enigma da Esfinge".

Alguns diriam que é o "mal resolvido", interrogações da adolescência cuja resposta foi perdida e que a essa altura do campeonato no "decifra-me ou te devoro", você foi DEVORADO.

É necessário encerrar este ciclo e deixar um novo vir... mesmo com todos os efeitos colaterais dessa tal Geração UOL.

É tempo de ousar, arriscar... oferecer as duas faces e ver o que é que acontece.

4 comentários:

  1. Eu já participava mais da AOL... Mas eram os mesmos esquemas de caça... Mas é uma brincadeira perigosa.
    Fim de semana passado teve uma festa aqui em casa, e convidei uma garota que conheci pela internet para vir se divertir... Ela de fato havia dito que era doidinha... Mas era linda... Mas depois vi que ela era realmente doida. linda... mas doida... eu fiquei com ela... e mais algumas pessoas da festa também...
    Parei de conhecer pessoas pela internet... As redes sociais que não haviam antigamente apenas faz com que você tome ainda menos cuidado... Na internet todo mundo pode ser o que quer... Não gosto dessa geração rs.

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    1. Não consigo pensar em nada além de "festa cuja qual, eu quase me fiz presente... mas fiquei em casa estudando, ufa!". rsrs

      Até parece que quem fala é a puritana, moralista, mas isso não vem ao caso.

      E sim, essa geração me incomoda e confunde.

      Ps: Viu seu chorão, texto novo... digno até de comentário!

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  2. Essa Geração Uol da qual faço parte me decepciona!
    Você tem toda razão. Tempo se arriscar.

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